A Câmara de Campinas aprovou, na Reunião Ordinária realizada na última segunda-feira (28), a criação da Frente Parlamentar de Combate aos Efeitos da Emergência Climática no município de Campinas. A Frente Parlamentar será presidida pelo vereador Paulo Bufalo (PSOL) autor do requerimento, que teve a assinatura de vários vereadores.

“A Frente Parlamentar de Combate ao Efeitos da Emergência Climática é um mecanismo importante para prevenção, enfrenamento e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas no município, bem como de acompanhamento dos debates e ações em nível estadual e nacional”, destaca o parlamentar.

O vereador observa ainda que os efeitos das mudanças climáticas já são uma realidade que a humanidade tem que enfrentar. “Segundo dados do relatório do Painel Intergovernamental Sobre as Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), publicado em 2022, neste momento, é inequívoco que as alterações climáticas são uma ameaça para o bem-estar humano e à saúde do planeta e que qualquer novo atraso na ação global preventiva acordada sobre adaptação e mitigação perderá uma janela de oportunidade breve, e que se está a fechar rapidamente, para garantir um futuro com qualidade de vida e sustentável para todos”, alerta.

De acordo com o relatório do IPCC, os fenômenos meteorológicos extremos tornaram-se mais frequentes e intensos, causando cada vez mais perdas irreversíveis. O documento alerta ainda que os impactos das alterações climáticas irão ocorrer cada vez mais ao mesmo tempo, interagindo uns com os outros, bem como outros riscos – levando a consequências cada vez mais perigosas.

Paulo Bufalo destaca também que o relatório do IPCC mostra que ondas de calor e frio intensos, incêndio florestais, tempestades cada vez mais intensas têm sido registradas com mais frequência em todas as regiões do planeta com graves perdas de biodiversidade e vidas, humana e de animais.

“Nos últimos anos a cidade de Campinas tem sofrido com o aumento e ocorrência de enchentes e alagamentos em vários pontos da cidade, queda de árvores – ocorrências que infelizmente registraram vítimas fatais. Esse assuntos já foram alvos de Comissões de Estudos nesta casa, seja no caso das enchentes, encerrada no segundo semestre de 2022, seja a de arborização, ainda em andamento”, observa.

Estudo conduzido por pesquisadores da Unicamp, publicado na edição 697 do Jornal da Unicamp (07 a 21 de agosto) mostra que a cidade de Campinas registrou aumento de 1,2°C na média das temperaturas máximas no período entre 1989 e 2022, evidenciando que a região já está sob efeito do aquecimento global provocado pelas mudanças climáticas.

Conforme a publicação, os dados foram coletados na estação do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), no campus da Unicamp em Barão Geraldo, e mostram o aumento na média da temperatura máxima e redução na média da temperatura mínima, bem como o aumento na amplitude térmica e maior frequência de dias consecutivos de calor, fenômenos que favorecem eventos climáticos extremos, como seca severa, enchentes ou temporais.

Outro dado revelado pelos pesquisadores da Unicamp mostra que a média das temperaturas máximas registradas em Campinas, nesse período de 34 anos, foi de 28,4°C, e especificamente nos meses de verão subiu em 1,3°C; já nos períodos de inverno, em 1,8°C, demonstrando um aumento de 0,039°C por ano na média das temperaturas máximas no período de verão e de 0,048°C na média das máximas durante o inverno.

“Podem parecer números irrelevantes para leigos. Mas são variações que trazem graves impactos no equilíbrio ambiental. As ocorrências climáticas graves são uma realidade e afetam todas as regiões do estado e do país, muitas vezes interligadas ao mesmo fenômeno”, comenta.

Para o vereador é necessário construir e ampliar espaços para que o Poder Público se antecipe à ocorrência destes eventos climáticos extremos. “Diante da realidade que estamos enfrentado, e que tende a se agravar, é fundamental criar mecanismos de adaptação, bem como de combate às desigualdades socioambientais, que atingem, sobretudo, as populações marginalizadas; sempre em atenção e em parceria à luta realizada por ativistas, entidades, instituições e organizações climáticas e ambientais”, conclui.

Publicada em 30/08/2023