O vereador Paulo Bufalo (PSOL) protocolou nesta segunda-feira, 29/3, uma moção de apelo ao Conselho Federal de Medicina (CFM) para que se
manifeste publicamente sobre a prescrição indevida do chamado “tratamento precoce” ou “kit covid” contra a Covid-19.
Conforme aponta o parlamentar, tal tratamento não conta com o apoio da comunidade científica, não tem eficácia comprovada e, cujo uso indiscriminado, tem contribuído para desenvolvimento de cardiopatias e intoxicações, sobretudo, hepáticas, como tem sido amplamente demonstrado por reportagens em diversos órgãos de imprensa.
Na moção, Paulo Bufalo destaca que, durante a pandemia, em dissonância com entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos e da Europa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), que não reconhecem ou contraindicam o mix farmacológico formado por ivermectina, cloroquina, hidroxicloroquina e azitromicina, o Governo Federal, por meio do presidente Jair Bolsonaro ou do ex- ministro da saúde Eduardo Pazuello, manifestou-se reiteradas vezes pela utilização de taís medicamentos no combate à Covid-19. Infelizmente, essa postura irresponsável tem sido adotada por governos municipais ou tem sido objeto de projetos em casas legislativas.
A ivermectina é um vermífugo, usado para combater parasitas, como lombrigas e piolhos; a cloroquina é usada no tratamento de malária, lúpus e artrite reumatóide; e a azitromicina é um antibiótico.
Devido a essa equivocada orientação feita por autoridades, as vendas de hidroxicloroquina subiram 173% em fevereiro desse ano em relação ao ano passado, e as de ivermectina, mais de 700%. Esse uso indiscriminado pode trazer o prejuízo para tratamentos para qual os fármacos são efetivamente testados e comprovados, além de colocar em risco a saúde devido às reações adversas como arritmia cardíaca e intoxicação.
Inúmeras reportagens e manifestações de especialistas nas últimas semanas mostram que, inclusive, os efeitos colaterais dessas drogas podem estar levando pacientes para a fila de transplantes, sendo que, em São Paulo, podem ter provocado a morte de três pessoas.
De acordo com o parlamentar do PSOL, a moção tem por objetivo fortalecer o caráter de compromisso com a saúde pública, responsável e baseado na ciência que deve orientar as ações governamentais, das entidades da área e da sociedade civil organizada.
O apelo soma-se a inúmeras iniciativas, como o abaixo-assinado articulado pelo Dr. Bruno Caramelli, do Departamento de Cardiopneumologia da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), diretor da Unidade Clínica de Medicina Interdisciplinar em Cardiologia do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas (HC), que igualmente apela ao CFM para que se posicione, com o intuito de conseguir, junto ao Ministério Público Federal, a proibição do ineficaz “kit covid”.
Paulo Bufalo destaca ainda que a atual crise pandêmica vivida em nosso país não pode ser incrementada com ações diversionistas, marketeiras e que aumentem ainda mais os riscos à saúde. “Precisamos incentivar as medidas de isolamento social, os protocolos de higiene, o uso de máscaras e, fundamentalmente, buscar a aquisição de vacinas com um programa eficiente e rápido de vacinação. Essas são as principais medidas para que possamos vencer essa pandemia efetivamente”, conclui o vereador.